quinta-feira, 31 de março de 2011

Dicas de Sites

Cultura de Paz: Dicas de Sites

Site: http://www.upeace.org
Organização: The University for Peace
Conteúdos: Docentes, Programas Acadêmicos, Programas no Mundo, Processo de Admissão, Biblioteca Virtual, Centro de Recursos, Monitor de Paz e Conflito, Notícias.
Idioma: Site disponível apenas em inglês.
Comentários: Site excelente sobre Cultura de Paz! Além disso, a organização, localizada na Costa Rica, também oferece diversos cursos sobre Cultura de Paz, inclusive mestrado.

Site: http://www.unesco.org/iycp
Organização: UNESCO - Organizações das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura.
Conteúdos: Cultura de Paz, Quem está Envolvido, Troca de Informações, Atividades da Unesco, Ferramentas.
Idioma: Site disponível apenas em inglês e espanhol.
Comentários: Site oficial da UNESCO. Interessante para ficar ligado sobre experiências diversas e o que ocorre ao redor do mundo sobre os avanços da Cultura de Paz.

Site: http://www.comitepaz.org.br
Organização: Comitê Paulista para a Década da Cultura de Paz.
Conteúdos: Agenda dos Fóruns, Calendário de Reuniões, Documentos Internacionais, Instrumentos de Apoio, Informes do Comitê, Histórico, Fóruns Realizados, Links de Cultura de Paz, Listagem de Conselhos pela Cultura de Paz. Idioma: Português.
Comentários: Considero este o melhor site disponível em português sobre Cultura de Paz. Indico especialmente acessar a seção de documentos. Outro aspecto interessante é ficar de olho na programação do Comitê, sendo muitas delas gratuitas!

Site: http://www.educapaz.org.br
Organização: Educadores para a Paz.
Conteúdos: Informações sobre a Organização, Iniciativas e Experiências em favor da Paz, Subsídios Pedagógicos, Cursos, Textos, Banco de Experiências (projetos diversos), Indicação de Livros, Bibliografia.
Idioma: Português.
Comentários: Site originário do Rio Grande do Sul, também contém artigos e textos muito interessantes sobre a Educação para a Paz.

Site: http://www.culture-of-peace.info
Organização: Davis Adams (página pessoal).
Conteúdos: Histórico da Cultura de Paz, Documentos, Dicas de Links, Textos.
Idioma: Disponível apenas em inglês.
Comentários: Esta é a página pessoal do Davis Adams. Contém textos excelentes sobre a Cultura de Paz e até poemas! Pena que tudinho em inglês...

Site: http://www.cpnn-usa.org
Organização: Culture of Peace News Network (CPNN)
Conteúdos: Sobre a CPNN, Notícias, Documentos, Links (outras CPNN´s).
Idioma: Disponível apenas em inglês.
Comentários: Mais uma página, infelizmente, disponível apenas em inglês. Divulga notícias sobre a Cultura de Paz ao redor do mundo e contém documentos interessantes.

Site: http://decade-culture-of-peace.org
Organização: World Report on the Culture of Peace
Conteúdos: Relatórios encaminhados por cerca de 700 organizações de todo o mundo sobre seus progressos em direção a uma cultura de paz; Relatório geral resumido; Organizações Internacionais que trabalham com Cultura de Paz.
Idioma: Site disponível em sua maior parte em inglês, mas oferece o relatório da Sociedade Civil sobre a Década da Cultura de Paz em espanhol, francês e português.
Comentários: Excelente! Ótimo para comparar, conhecer e entender os projetos que estão ocorrendo ao redor do mundo para a promoção da Cultura de Paz. Os projetos são separados de acordo com o pilar da Cultura de Paz que é trabalhado pela organização (Direitos Humanos, Educação para a Paz, Desenvolvimento Sustentável, Participação Democrática, etc).

Site: http://www.palasathena.org
Organização: Associação Palas Athena
Conteúdos: Informações institucionais, Programas de Formação, Programas Culturais, Projetos Sócio-educativos.
Idioma: Português.
Comentários: Se você está buscando se aprofundar no tema através de cursos e contato direto com pessoas da área, recomendo acima de tudo a Associação Palas Athena, um centro de referência no Brasil e no Mundo na promoção da Cultura de Paz.

Site: http://www.justica21.org.br
Organização: Justiça 21 (UNESCO / Criança Esperança)
Conteúdos: Portal para troca de experiências, com notícias, fórum, biblioteca, chat e painéis sobre Justiça, Democracia e Cultura de Paz. Dividido em três grandes áreas: Conceituação do termo Justiça Restaurativa e do projeto; Biblioteca de Documentos; e Comunidade Virtual.
Idioma: Português
Comentários: Quanto aos materiais disponibilizados, o foco é mais voltado para a Justiça Restaurativa fornecendo, neste sentido, informações muito interessantes. Vale a pena acessar o site também para conhecer o ousado projeto gerido por nossos compadres de Porto Alegre! Nota 10!

Site: http://fund-culturadepaz.org
Organização: Fundación Cultura de Paz
Conteúdos: Divulgação de novidades e eventos em todo o mundo, documentos de referência da Cultura de Paz (inclusive relacionada aos Direitos Humanos e ao Desenvolvimento Sustentável), declarações, relatórios, recursos de apoio.
Idioma: Inglês e Espanhol.
Comentários: Site muito bom, bastante completo, porém, infelizmente, disponível apenas em inglês e espanhol. Excelente para quem não tem dificuldades com estes idiomas.

Site: http://www.jogoscooperativos.com.br/Livros.htm
Organização: Revista Jogos Cooperativos – A Revista do Educador para a Paz
Conteúdos Interessantes: Dicas de jogos cooperativos, links e livros.
Idioma: Português.
Comentários: Apesar de não tratar especificamente sobre a Cultura de Paz, este site fornece ferramentas interessantes para quem pretende trabalhar o tema de maneira prática e lúdica. Para quem não conhece, os jogos cooperativos, ao contrário dos jogos ditos “competitivos”, estimulam a conquista da vitória através da cooperação de todos os membros, fortalecendo o sentimento de respeito, união e convivência harmônica entre todo o grupo.

Site: http://www2.anhembi.br/dancascirculares
Organização: Universidade Anhembi Morumbi
Conteúdos Interessantes: Arquivos de Coreografia, artigos sobre o tema, indicação de locais para a prática (cursos regulares).
Idioma: Português.
Comentários: Igualmente ao site de Jogos Cooperativos, apesar de não tratar especificamente sobre Cultura de Paz, fornece ferramentas interessantes para quem pretende trabalhar a prática do tema. Para quem não conhece, Danças Circulares são danças de roda recolhidas de diferentes partes do mundo em diferentes períodos, sendo caracterizadas principalmente pelo espírito comunitário e solidário que promovem. Devido à sua cadência cíclica e ritmada, propiciam a ordem, a harmonia, bem como a alegria e bem-estar individual e coletivo.

Site: http://www.deolhonoestatuto.org.br/
Organização: Rede Desarma Brasil – Segurança, Justiça e Paz
Conteúdos: Notícias, Dicas, Documentos, relacionados à Segurança e ao Desarmamento, Resultados das políticas públicas e ações proporcionadas pelo estatuto.
Idioma: Português
Comentários: Muito interessante o acompanhamento que a Rede Desarma Brasil está fazendo e divulgando para a população sobre o desarmamento no Brasil. Para quem quer ficar antenado na causa é um site excelente. Aponta, inclusive quais foram os políticos brasileiros financiados pelas empresas de armas e munição.

Site: http://www.ceipaz.org/
Organização: CeiPaz – Centro de Educación e Investigación para a Paz
Conteúdos: Projetos, Biblioteca Virtual, Publicações.
Idioma: Espanhol
Comentários: A biblioteca virtual do CeiPaz apresenta materiais muito ricos, mas apenas nos idiomas inglês e espanhol. Se você tem algum conhecimento na leitura destes idiomas recomendo a visita ao site para aprofundar-se com bastante propriedade em sub-temas ligados à paz, segurança, violência e gestão de conflitos, inclusive com materiais separados por região geográfica.

Site: http://www.educacaoparapaz.com.br/
Organização: Editora Omnisciência
Conteúdos: Agenda, Contos, Pedagogias, Artigos, Livros.
Idioma: Português.
Comentários: Em relação às ferramentas, o que me chamou muito a atenção foram as seções “Contos”, “Pedagogias” e “Livros”. Na primeira seção você encontrará diversos contos belíssimos com um potencial enorme para trabalhar a não-violência, a espiritualidade e o pensamento coletivo. Já na seção “Pedagogias” você terá um resumo de quatro importantes linhas de pensamento que contribuem fortemente para a Educação para a Paz: Montessori, Waldorf, Educare (Satya Sai Baba) e Vivendo Valores (Brahma Kumaris). Na seção “Livros” você na verdade será redirecionado para o site da Editora Omnisciência, que oferece livros de Educação para a Paz, Meio Ambiente e Espiritualidade muito bons! Vale a pena ficar de olho nos novos lançamentos. Alguns dos livros divulgados neste blog foram encontrados justamente por meio deste site. Além das ferramentas, a iniciativa da instituição quanto a projeto Educação para a Paz é louvável. A cada dia tenho visto mais projetos como este, em direção ao verdadeiro objetivo humano: a felicidade. E tenho eu mesma ficado muito feliz com isso.

Site: http://marchamundial.org.br/
Organização: Mundo Sem Guerras
Conteúdos: Informações sobre a Marcha, Adesões, Iniciativas, Notícias, Opiniões, Vídeos da Marcha.
Idioma: Português.
Comentários: O site é uma das ferramentas para a divulgação da Marcha Mundial pela Paz e Não-Violência, que "começará na Nova Zelândia, no dia 2 de outubro de 2009 (aniversário do nascimento de Gandhi e declarado pelas Nações Unidas como “Dia Internacional da Não-Violência”) e terminará na Cordilheira dos Andes, em Punta de Vacas, aos pés do Monte Aconcágua em 2 de janeiro de 2010. Durante estes 90 dias, passará por mais de 90 países e 100 cidades, nos cinco continentes e cobrirá uma distância de 160.000 km por terra".

Contribua você também com outras dicas!!

Cultura da Paz

CULTURA DA PAZ


A cultura de paz está intrinsecamente relacionada à prevenção e à resolução não violenta dos conflitos. É uma cultura baseada em tolerância e solidariedade, uma cultura que respeita todos os direitos individuais, que assegura e sustenta a liberdade de opinião e que se empenha em prevenir conflitos, resolvendo-os em suas fontes, que englobam novas ameaças não militares para a paz e para a segurança, como a exclusão, a pobreza extrema e a degradação ambiental.

Na atualidade, continuamos com inúmeros conflitos armados e lutas civis, que sacrificam vidas humanas em mais de 40 países. Outras fontes de tensão têm sua origem na deterioração do meio ambiente, no excesso de população, na competição por recursos de água doce, cada vez mais escassos, na desnutrição e na flagrante desigualdade econômica e social não só entre os países, como também internamente a estes, devido a em modelos de desenvolvimento concentradores de renda e excludentes.

Substituir a secular cultura de guerra por uma cultura de paz requer um esforço educativo prolongado para modificar as reações à adversidade e construir um modelo de desenvolvimento que possa suprimir as causas de conflito. No campo do desenvolvimento econômico é preciso passar da economia competitiva de mercado para um modelo de desenvolvimento mútuo e sustentável, sem o qual é impossível alcançar uma paz duradoura.

E falar em cultura de paz é falar dos valores essenciais à vida democrática. Valores como igualdade, respeito aos direitos humanos, respeito à diversidade cultural, justiça, liberdade, tolerância, diálogo, reconciliação, solidariedade, desenvolvimento e justiça social.



O Manifesto para a construção da Cultura da Paz convidava os cidadãos do mundo a estabelecer um compromisso individual em favor da dignidade humana e da convivência pacífica entre os povos, propondo seis princípios:

1) respeitar a vida;
2) rejeitar a violência;
3) ser generoso;
4) ouvir para compreender;
5) preservar o planeta e
6) redescobrir a solidariedade.

Marlova Jovchelovitch Noleto ressaltou que: “quando falamos em cultura de paz, referimo-nos a um desafio que consiste fundamentalmente em encontrar os meios para mudar valores, atitudes e comportamentos, visando promover a paz no sentido de justiça social, solução não violenta de conflitos, redução das desigualdades e ampliação dos canais de inclusão. Portanto, estamos nos referindo necessariamente à presença da participação da liberdade e da democracia.

(...) Promover uma cultura de paz demanda um amplo esforço de mobilização e
cooperação em todos os setores da sociedade: precisamos estabelecer parcerias capazes de articular um movimento que possa se sobrepor à violência em todas as suas manifestações – física, sexual, psicológica, econômica, social – e, sobretudo, àquela praticada contra os grupos mais desprovidos e vulneráveis – as crianças, os adolescentes, os jovens, os grupos minoritários. Cada pessoa pode compartilhar seu tempo e seus recursos materiais com espírito de generosidade e solidariedade, visando ao fim da exclusão, da injustiça e da opressão política e econômica. (...) Cada um de nós pode contribuir para o desenvolvimento da nossa comunidade e para o respeito pelos
princípios democráticos que oferecem dignidade a todos e a cada um de nós.”
Cultura de paz: da reflexão à ação; balanço da Década Internacional da Promoção da Cultura de Paz e Não Violência em Benefício das Crianças do Mundo. – Brasília: UNESCO; São Paulo: Associação Palas Athena, 2010.
256 p

quinta-feira, 24 de março de 2011

ATENÇÃO!

O Curso de Extensão “Cultura da Paz: um olhar fotográfico” iniciará no dia 28 de março, próxima segunda-feira, às 19h00, no NAPRI* (Núcleo Amazônico de Pesquisa em Relações Internacionais).  Em nosso primeiro encontro, vamos conversar sobre a idéia do projeto e sobre a cultura da Paz. Caso haja desistências entre os inicialmente inscritos, entraremos em contato em breve  com as pessoas da lista de espera, caso ainda desejem participar do curso.

*O prédio do NAPRI fica situado em frente ao bloco I, na Universidade
Federal de Roraima. Qualquer dúvida: 91281385.

sexta-feira, 11 de março de 2011

Cultura de Paz (Leonardo Boff)


A cultura de paz, hoje mundializada, se estrutura ao redor da vontade do poder que se traduz como vontade de dominação da natureza do outro, dos povos e dos mercados. Essa é a lógica dos dinossauros que criaram a cultura do medo e da guerra. As festas nacionais e seus heróis estão ligados aos fatos de guerra e de violência. Os meios de comunicação levam a magnitude de todo o tipo de violência, bem simbolizada pelo "exterminador do futuro".
 
Nessa cultura, o militar, o banqueiro e o especulador valem mais que o poeta, o filósofo ou o santo. Nos processos de socialização formal e informal, ela não cria mediações para uma cultura de paz. E sempre de novo nos remete a pergunta que, de forma dramática, Einstein formulou a Freud nos tempos de 1932: É possível superar ou controlar a violência? Freud muito realista, responde: "É possível para os homens controlarem totalmente o instinto de morte... esfomeados pensamos no moinho que tão lentamente se move, que poderíamos morrer de fome antes de receber a farinha".

Sem detalhar o assunto, diríamos que por detrás da violência funcionam poderosas estruturas. A primeira delas é o caos sempre presente no processo cosmogênico; a evolução inclui violência em todas as suas faces. Possivelmente a inteligência nos foi dada também para colocar limites a essa violência e conferir-lhe um sentido construtivo.

Em segundo lugar, somos herdeiros da cultura patriarcal que instaurou a dominação do homem sobre a mulher e criou as instituições do patriarcado assentadas sobre mecanismos de violência como o Estado, as classes, o projeto da tecno-ciência, os processos de produção como objetivação da natureza e sua sistemática depredação.

Essa cultura patriarcal gerou em terceiro lugar, a guerra como forma de solução de conflitos. Sobre esta vasta base se formou a cultura do capital, hoje globalizada; sua lógica é a competência e não a cooperação, por isso gera permanentemente desigualdades, injustiças e violências.Todas essas forças se articulam estruturalmente para consolidar a cultura da violência que nos desumaniza a todos. A essa cultura de violência há que opor a cultura da paz. Hoje ela é imperativa.

É imperativa, porque as forças da destruição estão ameaçando, por todas as partes, o pacto social mínimo sem o qual retornamos a níveis de barbárie. É imperativa porque o potencial destrutivo já montado pode ameaçar toda a biosfera e impossibilitar a continuidade do projeto humano. Ou limitamos a violência e fazemos prevalecer o projeto da paz ou conheceremos, ao limite, o destino dos dinossauros.

Onde buscar as inspirações para uma cultura de paz? Mais que imperativos voluntaristas, é o próprio processo antropogênico que nos provê indicações objetivas e seguras. A singularidade de 1% de carga genética que nos separa dos primatas superiores reside no fato de que a diferença deles para nós, é que somos seres sociais e cooperativos. Ao lado de estruturas de agressividade, temos capacidade de afetividade, compaixão, solidariedade e amor. Hoje é urgente que desentranhemos tais forças para conceder-nos um rumo mais positivo à história. Toda demora é insensata.

O ser humano é o único ser que pode intervir nos processos da natureza e dirigir em conjunto com essa, a marcha da evolução. Ele foi criado e criador. Dispõe de recursos de re-engenharia da violência mediante processos civilizatórios de contenção e uso da racionalidade. A competitividade continua válida, mas não no sentido de o melhor nem de destruição do outro. Assim todos ganham e não só um.

Há muito que filósofos da altura de Martin Heidegger, resgatando uma antiga tradição que remonta aos tempos de César Augusto, vêem no cuidado a essência do ser humano. Sem cuidado ele não vive nem sobrevive. Tudo precisa de cuidado para continuar existindo. Cuidado representa uma relação amorosa com a realidade. Onde rege o cuidado de uns para com os outros, desaparece o medo, origem secreta de toda violência.

A cultura de paz começa quando se cultiva a memória e o exemplo de figuras que representam o cuidado e a vivência da dimensão de generosidade que nos habita, como Gandhi, Mons. Hélder Câmara, Luther King e outros. Importa que façamos revoluções moleculares(Gatarri), começando por nós mesmos. Cada um estabelece como projeto pessoal e coletivo a paz como método e como meta, paz que resulta dos valores da cooperação, do cuidado, da compaixão e da amorosidade, vividos cotidianamente.

* Leonardo Boff, teólogo e filósofo brasileiro